Os cavaletes de Lina Bo Bardi no MASP



Estive, no último sábado (02/01), no Museu de Arte de São Paulo (MASP) para ver de perto o acervo permanente do museu - agora dispostos nos cavaletes de cristal projetados pela arquiteta Lina Bo Bardi (1914-1992), que após 20 anos, retornam ao museu.

Lina Bo Bardi foi uma arquiteta italiana que veio ao Brasil após o final da Segunda Guerra Mundial, juntamente com o marido, o crítico de arte Pietro Maria Bardi. Logo estabeleceu-se por aqui e se naturalizou brasileira.

Lina encaixa-se diretamente na linha modernista, e propõe em suas obras um diálogo entre o moderno e o popular, com espaços "inacabados" que possam posteriormente ser preenchidos pelo público. Uma de suas obras mais famosas é justamente o prédio do MASP, com seu vão livre - que torna a obra única e permite uma série de possibilidades. Um bom exemplo dessa versatilidade é que a maioria das manifestações da cidade de São Paulo se concentra por ali. E ainda, pouco tempo atrás, uma exposição fotográfica ao ar livre foi realizada no vão do MASP.




As obras parecem flutuar no ar.
(fotos: Daniel Ramos)

Não por acaso, a proposta dos cavaletes de cristal de Lina Bo Bardi é a mesma do prédio do museu: dar a impressão de que algo flutua no ar. Cada uma das estruturas é sustentada apenas por um bloco de concreto no chão. Esteticamente é bonito de se olhar, mas a forma como se vê as obras expostas é bastante curiosa: a princípio, chega a dar um certo estranhamento - você vê as obras e não consegue identificá-las logo de cara. Apenas consegue-se identificar o movimento artístico ao qual cada obra pertence (claro, se você possui um conhecimento mínimo de História da Arte). Para a minha surpresa, os dados de cada obra estavam bem na parte de trás de cada cavalete - algo bastante incomum, em se tratando de museus.
Mas é algo que, analisando bem, é bastante positivo, pois te obriga a fazer uma reflexão em cima de cada obra.


A disposição pouco convencional induz à reflexão

E claro, não se pode deixar de lado a grandiosidade das obras do acervo - desde renascentistas como Rafael Sanzio e Sandro Botticelli, passando por obras barrocas de Goya e Delacroix, o impressionismo de Monet, Manet e Degas e as cores fortes de Van Gogh e Gaughin. Obras de mestres brasileiros, como Anita Malfatti, Portinari, Di Cavalcanti, entre outros, também fazem parte do acervo do MASP.



"Rosa e Azul", de Renoir: uma das
preciosidades do acervo do MASP

Grandes obras expostas de uma forma pouco convencional, em relação a outros museus mundo afora - prova da inteligência de Lina Bo Bardi, que sem sombra de dúvida, possuía uma visão à frente de seu tempo. E, ao olhar para os cavaletes de vidro e para o prédio do MASP, nos faz um convite à reflexão.

A mostra do acervo permanente do MASP deve ficar em cartaz por pelo menos cinco anos. Vale a pena conferir.
Maiores informações podem ser encontradas no site do museu: www.masp.art.br


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Exposição "A Valise Mexicana" na Caixa Cultural SP

K-Pop Dance Tournament VI agita o final de semana