Opinião em Foco: 1 ano do maior ataque à liberdade de expressão da história



Na data de hoje completa-se 1 ano de um ataque atroz à liberdade de expressão: o atentado contra a sede do jornal satírico Charlie Hebdo, em Paris. Um ataque absurdo, com motivações estapafúrdias embasadas no fundamentalismo e no fanatismo religioso.

Só pra relembrar o caso: dois irmãos, supostamente ligados a grupos terroristas como a Al-Qaeda, invadiram a sede do jornal e chamaram, um a um, pelos redatores e chargistas. E sem piedade, os executaram.
Na saída, executaram um policial e gritaram no meio da rua, se vangloriando: "Vingamos o profeta! Vingamos o profeta!"
O pivô de toda esta situação seria a publicação, por parte do jornal, de charges e caricaturas do profeta Maomé - dentro da religião islâmica, a representação do profeta é um tabu.
O Charlie contava, em seu plantel, com alguns dos maiores cartunistas da França e do mundo. Todos foram mortos no atentado.



Capa de edição do Charlie Hebdo com charge do profeta Maomé
(imagem: Reprodução/Huffington Post)


A reação ao atentado foi imediata. Uma onda de comoção se espalhou pelo mundo. Por todos os cantos, via e ouvia-se a frase: "je suis Charlie" ("eu sou Charlie") - uma forma do povo se solidarizar com o jornal, tomando o mesmo como símbolo da liberdade de expressão. E também da liberdade ocidental como um todo.
Homenagens foram prestadas nos consulados e embaixadas francesas espalhados pelo mundo - inclusive no Brasil.

Tudo bem que o Charlie se arriscava demais mexendo com temas como a religião - muitas vezes com um tom jocoso, que caracteriza as sátiras do jornal. Mas não há Deus, Alá, Jesus Cristo, Buda nenhum no mundo que justifique tal violência como a desse atentado. Ainda mais em se tratando de um veículo de comunicação - bem ou mal, o Charlie era, do seu jeito, um formador de opinião.
Atacar um veículo de comunicação como o Charlie Hebdo é atacar a liberdade de imprensa. É atacar um direito fundamental de qualquer cidadão no mundo, que é o direito à informação.
Em uma sociedade moderna e globalizada como a de hoje, não há espaço para a intolerância - seja de religião, de raça, de gênero, ou o que mais for. Grupos como o que atacou o Charlie Hebdo não representam religião alguma - o que eles chamam de religião é, na realidade, uma visão distorcida e radical da mesma, que prega a opressão, o domínio, a violência, a retaliação. E religião nenhuma no mundo prega esse tipo de coisa. Todas, sem exceção - seja o cristianismo, o islamismo, entre outras - pregam a paz, a fraternidade e o amor ao próximo. E realizar qualquer tipo de ato de violência em nome de Deus é uma insensatez sem tamanho.

Também me considero um formador de opinião, ainda que de forma modesta, com meus trabalhos com fotografia e este blog recém-inaugurado. Quase nada, perto de veículos gigantes de comunicação espalhados pelo mundo.
Mas, quando vejo e lembro de um ataque à liberdade de imprensa como o atentado ao Charlie Hebdo, também me sinto atacado. Também me sinto ferido. Também sangro por dentro. Também sinto a dor que as famílias desses cartunistas (sim, porque antes de qualquer coisa, eles também são gente) certamente sentiram com suas perdas. Porque eu também tenho respeito pela liberdade de expressão e de imprensa. Porque eu também sou Charlie.

Apesar de tudo, ainda acredito que a liberdade, no final, vai vencer a intolerância. Porque eu também sou Charlie.

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