Exposição sobre a antiga União Soviética no Memorial da América Latina

Entrada da exposição "A União Soviética Através da Câmera"
(fotos: Daniel Ramos)


Fui conferir neste sábado a exposição "A União Soviética Através da Câmera", que entrou em cartaz no último dia 06/01 no Memorial da América Latina.
A exposição mostra o cotidiano e as transformações da sociedade soviética, segundo o olhar de seis fotógrafos: Vladimir Lagrange, Viktor Akhlomov, Yuri Krivonossov, Antanas Sutkus, Leonid Lazarev e Vladimir Bogdanov.




Para entender esta exposição, é preciso primeiramente compreender o contexto histórico dentro do qual as obras ali expostas estão inseridas.
No ano de 1956, o então líder do Partido Comunista Nikita Khruschev (que assumiria o poder na URSS em definitivo dois anos depois) denunciou publicamente os crimes cometidos pelo seu antecessor, Josef Stalin. Este episódio, que ficou conhecido como "o discurso secreto", foi fundamental para a produção artística soviética - a liberdade inspirada pelo discurso de Khruschev, ainda que relativa considerando-se a rigidez do regime comunista da época, levou fotógrafos e fotojornalistas a reformularem o papel da fotografia dentro da sociedade.
A fotografia deixava de ser meramente um instrumento de propaganda político-ideológica e passava a se preocupar mais em construir narrativas e identidades visuais, onde o público pudesse se identificar.


"Idade Não é Problema", de Vladimir Lagrange


De fato, o que se vê em cada uma das fotografias expostas nesta mostra é uma preocupação em contar histórias, em mostrar as coisas como são, distanciando-se de qualquer idealismo político e buscando compreender o que acontece dentro da sociedade. Um bom exemplo disso são as fotos do lituano Antanas Sutkus, que mostram o cotidiano de sua região.

Em algumas imagens, percebe-se a influência de alguns nomes do movimento construtivista, como Alexander Rodchenko, que se preocupava em reproduzir formas por meio de enquadramentos inusitados.
Mas a verdade é que estas fotografias estão muito mais próximas do humanismo francês, que tem como expoente, entre outros nomes, o mestre Henri Cartier-Bresson.
De fato, muitas das imagens são tocantes, de uma sensibilidade sem igual.

"Floresta Flutuante", de Vladimir Bogdanov:
influência do construtivismo

A exposição fica em cartaz até o dia 15 de fevereiro. Para quem gosta de fotografia e também de um pouco de história, é uma ótima pedida. Recomendo!

A União Soviética Através da Câmera
Data: até 15/02
Local: Memorial da América Latina - Galeria Marta Traba
Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664 - Barra Funda (ao lado da estação Palmeiras-Barra Funda do Metrô)
Entrada Franca

Maiores informações no site do Memorial: www.memorial.org.br


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