Opinião em Foco: Violência no futebol... até quando?!

Confusão durante jogo do São Paulo na Copinha
(foto: Vitor Geron/globoesporte.com)
 
No último domingo, a Copa São Paulo de Futebol Junior foi manchada com um incidente lamentável: um confronto entre a Polícia Militar e membros de uma torcida uniformizada do São Paulo, durante a partida entre São Paulo e Rondonópolis (MT), válida pelas oitavas de final da competição.
A confusão teria começado quando torcedores integrantes dessa uniformizada tentaram entrar no estádio Nogueirão, em Mogi das Cruzes (região metropolitana de São Paulo), que já estava com sua capacidade máxima preenchida (10 mil pessoas) - e acabou por se espalhar dentro e fora do estádio.


Durante este confronto, a PM usou balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo. Os torcedores revidaram com o que tivessem à mão - pedras, pedaços de madeira, lixeiras, e tudo o mais.
Partes do estádio foram depredadas. Mulheres, crianças, moradores do entorno da região e até um olheiro do Chelsea, de 81 anos, sofreram os efeitos das bombas e passaram mal.
Os números oficiais falam em cerca de 15 feridos. Ninguém foi preso.

Agora, francamente... a coisa mais ridícula que pode existir no mundo é brigar por causa de um jogo de futebol. E ainda: durante um jogo de um torneio de categoria de base!
E não é a primeira vez que vemos este tipo de selvageria. Já cansamos de ver casos semelhantes, muitos deles com consequências trágicas - quantas pessoas já não morreram com essas barbaridades?!
E o mais absurdo da história toda é que dificilmente os responsáveis são punidos. Na confusão do último domingo, por exemplo, ninguém (eu disse NINGUÉM) foi preso. Quebraram o pau com a polícia, quebraram o estádio... e ninguém foi preso. Simples assim.
O mais curioso é que quase sempre os responsáveis são os mesmos: pessoas ligadas a torcidas uniformizadas - que há tempos deixaram de ser simplesmente torcidas e vez ou outra protagonizam episódios violentos. E quase sempre, não há providências tomadas em relação a elas.

Amanhã, ou depois, esses mesmos baderneiros vão causar confusão, vão brigar em outros jogos lá na frente. Sim, porque muitos desses elementos se tornam reincidentes.
Pra vocês terem uma noção: lembram do caso do menino boliviano que foi morto por um rojão disparado por uma organizada do Corinthians, na Libertadores de 2013? Meses depois, um dos envolvidos no caso - que chegou a ficar detido na Bolívia durante um tempo - foi flagrado brigando com torcedores do Vasco, quando estes times se enfrentaram em Brasília em um jogo válido pelo Campeonato Brasileiro.
E, falando em Vasco... como não lembrar da pancadaria entre vascaínos e torcedores do Atlético-PR na última partida do Brasileirão deste mesmo ano? Foi a coisa mais vergonhosa da face desta Terra.

Briga entre torcedores de Vasco e de Atlético-PR, em 2013
(foto: Geraldo Bubniak/Folhapress)

E no fim das contas, quem sai perdendo é o torcedor. Mas o torcedor DE VERDADE, que vai ao estádio pra curtir o espetáculo, pra incentivar o time, pra ver bola rolando. Porque elementos como esses - que causaram confusão em Mogi, por exemplo - não merecem ser chamados de torcedores. São baderneiros. São bandidos. São perturbados mentais que usam o futebol como desculpa para botar pra fora seu lado cruel, violento, bárbaro. Porque o futebol na realidade é alegria, é festa, é bola na rede. É paz, e não guerra.
Em todas as poucas vezes que fui ao estádio pra ver jogos de futebol - tanto nos jogos recentes da Copinha na Javari, e até mesmo quando fui ver jogos do meu time, o Corinthians - o clima era justamente esse. De espetáculo. Porque o futebol nada mais é do que um espetáculo.
E a única coisa que esses arruaceiros fazem é estragar o espetáculo. E afastar quem vai pra torcer de verdade.
Porque torcer para um time é uma coisa. Brigar e promover violência gratuita é outra, completamente diferente.

E a pergunta que fica é: até quando vamos ter que conviver com isso? Até quando vamos ter que pensar duas vezes em levar nossos familiares, nossos filhos, amigos, namoradas, a um estádio de futebol? Até quando vamos ter que viver com o temor de ir a um jogo do seu time do coração e se deparar com situações como essas? Até quando cenas como essa vão se repetir, e ninguém vai sair punido?

Até quando?

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