Opinião em Foco: 30 contra 1; 30 contra a humanidade

(Imagem: Reprodução)

Um crime horroroso foi o assunto mais comentado da última semana pelo país afora: o estupro coletivo de uma adolescente de 16 anos, ocorrido em uma favela do Rio de Janeiro.
Mais de 30 homens teriam abusado sexualmente da garota - e imagens do crime foram divulgadas na Internet pelos criminosos.
O caso gerou uma grande repercussão, tanto na imprensa (nacional e internacional) como nas redes sociais - choveram manifestações de apoio à vítima e de repúdio ao crime, principalmente de mulheres; e na Avenida Paulista, em São Paulo, um mural foi montado em homenagem à garota e a outras vítimas desse tipo de crime.

Gente... não sei nem por onde começar. Faltam palavras pra definir um absurdo como esse. A mais pura expressão da barbárie.
E o pior de tudo é que este não é um caso isolado: aqui no Brasil, a cada 11 minutos, uma mulher sofre violência sexual, segundo estatísticas. A coisa é muito, mas muito pior do que parece. Porque o estupro (francamente, nem gosto de usar esse termo, de tão pesado que ele é) é um dos tipos de crime mais hediondos que existe - e deixa marcas profundamente dolorosas, tanto física quanto psicologicamente. E muitas vítimas não denunciam esse tipo de crime, na maioria das vezes por vergonha.

No caso que aconteceu no Rio, há outro agravante (como se não bastasse o crime em si): os agressores, na maior cara de pau, colocaram fotos e vídeos do crime nas redes sociais, expondo e ridicularizando a vítima e a reduzindo a nada, usando termos dos piores possíveis. Um tipo de atitude simplesmente de dar nojo.
Vendo tudo isto, a primeira pergunta que me vem à cabeça é: será que algum desses indivíduos têm mãe? Será que algum desses indivíduos têm uma mulher na família? Será que esses indivíduos TÊM família? Que tipo de criação esses elementos tiveram?
Gente... é uma coisa que vai além da compreensão, não só minha, mas como de qualquer ser humano civilizado do planeta! O que leva alguém a humilhar um outro ser humano dessa forma?
Digo isso, porque fui criado praticamente a minha vida inteira por duas mulheres: minha mãe e minha tia. E tenho o maior respeito do mundo por elas.
E uma outra coisa que passa pela minha cabeça, é que o que aconteceu com essa garota no Rio de Janeiro poderia ter acontecido com qualquer outra mulher, até mesmo próxima da gente: poderia ter sido uma filha nossa, uma irmã, uma prima, uma amiga, uma namorada... se fosse alguém próximo de mim, nem digo o que eu ia fazer com o crápula, pra não deixar os leitores mais horrorizados do que já estão.

Esse caso, em específico, só escancara uma das facetas mais obscuras e grotescas do povo brasileiro, piores ainda do que aquelas que descrevi no post sobre a vandalização das estátuas do Snoopy em São Paulo, no começo do ano: além de não ter civilidade, ser desrespeitoso ao próximo e mal-educado, o nosso povo é machista. Não tem respeito com nossas mulheres.
Uma das provas disso é que, após a divulgação das imagens do crime, muita gente colocou a culpa na vítima - um tipo de atitude que é muito comum em casos de estupro: "ah, ela pediu por isso", "ela usava roupa que não era adequada", "ela não se comportava direito"... entre outras coisas.
E não é preciso ir muito longe para se observar esse tipo de desrespeito: qualquer mulher que coloca uma roupa mais curta e sai por aí já deve ter ouvido absurdos de todos os tipos. Isso fora as músicas que se ouve por aí, nos pancadões e bailes funk pela cidade afora, com letras das mais nojentas possíveis, rebaixando a mulher a um pedaço de carne exposto em um açougue. Sem falar do carnaval e de outras coisas.
Em suma: existe toda uma cultura, principalmente no Brasil, de que a mulher nada mais é do que um objeto sexual. E isso, fatalmente, acaba favorecendo a ação desses tarados.

Aliado a isso, existe a questão da nossa legislação, ultrapassada e branda para com criminosos.
Está certo que de uns anos pra cá foram criadas leis com a finalidade de coibir a violência contra a mulher - caso da Lei Maria da Penha. Mas na prática, se vê muito pouco sendo feito.
Porque o mínimo que se espera em um caso como esse, é que a justiça seja feita, e todos os responsáveis por essa barbaridade sejam punidos. Se bem que, em um caso absolutamente asqueroso como esse, qualquer punição que seja aplicada contra os caras vai ser muito pouco.
Na minha humilde opinião, infelizmente no Brasil não existem recursos como a pena de morte, por exemplo - pois o mínimo que esses sujeitos mereciam era serem executados e mandados para o inferno, para passarem a eternidade sendo estuprados pelo capeta. Isso pra dizer o mínimo.

E não, meus caros. A culpa de um crime de estupro não é da mulher. Não é da roupa que ela veste, não é da conduta que ela tem ou deixa de ter, não é do horário que ela sai de casa, do comportamento dela... de NADA.
A culpa é única e exclusivamente do estuprador e de sua mente pervertida. Nada mais.

Para finalizar, deixo um recado às mulheres: existe um serviço chamado Disque 180, especializado em casos de violência contra a mulher. Torço para que nada aconteça, mas se Deus me livre e guarde acontecer alguma coisa desse tipo, não tenham vergonha: DENUNCIEM. Não é necessário se identificar.
Pode até ser pouco, mas é uma ferramenta que pode ajudar a colocar desgraçados como estes na cadeia.
Porque quem ataca uma mulher dessa forma é covarde... pra dizer o mínimo.

Sou homem... mas antes de qualquer coisa, sou um ser humano. E tenho respeito pelo meu próximo. E pela minha próxima.
Não foram 30 contra uma. Foram 30 contra 7 bilhões. Foram 30 contra a humanidade inteira.

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