Sílvio Santos vira tema de exposição no MIS-SP
(fotos: Daniel Ramos) |
Estive nesta terça-feira (14) no Museu da Imagem e do Som de São Paulo (MIS-SP) para conferir a exposição Sílvio Santos Vem Aí - uma retrospectiva que conta toda a trajetória de um dos maiores comunicadores da história da televisão brasileira, desde seu início modesto como camelô até sua consolidação como empresário das telecomunicações, à frente do SBT, emissora que está no ar até os dias de hoje e é uma das maiores do Brasil.
A exposição tem curadoria de André Sturm e projeto expográfico da Case Lúdico.
Logo de cara, percebe-se que o jovem Senor Abravanel (nome de batismo de Sílvio - o nome "Sílvio" era na realidade um apelido dado pela mãe) bebeu de boas fontes para desenvolver sua veia comunicativa: quando garoto, Sílvio costumava frequentar os cinemas da região central do Rio, e teve a oportunidade de assistir clássicos da época (década de 1930), como Always In My Heart.
Mais tarde, com a era de ouro do rádio (décadas de 1940 e 1950), foi influenciado por grandes nomes da Rádio Nacional - em meados dos anos 1950, o próprio Sílvio trabalhou na rádio como anunciante, e, anos mais tarde, apresentando seu próprio programa.
Durante este tempo, foi desenvolvendo seu estilo, que não apenas o marcou no rádio, como posteriormente, na televisão.
Cinelândia: uma das influências do jovem Sílvio |
Sílvio sempre demonstrou ter uma visão empreendedora. E não foi só vendendo canetas e porta-documentos nas ruas do centro do Rio; ele também implantou alto-falantes na barca que fazia a travessia da baía de Guanabara (à época, ainda não existia a Ponte Rio-Niterói), além de adquirir um bar na ilha de Paquetá onde vendia cerveja e refrigerante.
Quando a barca para a ilha de Paquetá entrou em manutenção, Sílvio foi a São Paulo, onde acabou por entrar de vez no mundo do entretenimento, aproximando-se de nomes como Manoel de Nóbrega (pai de Carlos Alberto de Nóbrega), Ronald Golias e outros, com quem trabalhou dentro da Rádio Nacional.
Pelo fato de falar bastante e de muitas vezes ficar vermelho de vergonha, Sílvio ganhou de Nóbrega e Golias o singelo apelido de "o peru que fala".
Esta fase foi lembrada dentro da exposição, com reproduções do jipe usado pela caravana e da tenda que era montada para as apresentações - bem como a passagem de Sílvio pela Rádio Nacional.
Empreendimentos de grande sucesso de Sílvio Santos, como o famoso Baú da Felicidade (empresa que Sílvio comprou de Manoel de Nóbrega) também foram lembrados.
Reprodução do jipe da "Caravana do Peru que Fala" |
E, claro, os programas de TV não poderiam faltar. Sílvio Santos começou a despontar na televisão em meados da década de 1960, e seus programas foram exibidos por emissoras como Tupi, Record e Globo - isso até 1981, quando, enfim, Sílvio obteve a concessão do SBT, emissora à qual está à frente até hoje.
A cerimônia de assinatura do contrato junto ao Ministério das Comunicações foi transmitida ao vivo, e marcou o início das atividades do canal.
Quadros e programas clássicos de Sílvio, como Boa Noite Cinderela, Cidade Contra Cidade, Só Compra Quem Tem, Domingo no Parque, Namoro na TV, Qual é a Música, Roletrando, Show de Calouros, Topa Tudo por Dinheiro, entre outros, têm seus espaços garantidos na mostra.
'Qual é a Música?' (na foto de cima) e 'Domingo no Parque': dois programas de sucesso de Sílvio Santos |
Uma parte da exposição é dedicada ao Troféu Imprensa, premiação anual criada pelo jornalista Plácido Manaia Nunes (falecido em 2007) para contemplar os melhores da televisão brasileira - e tem clara inspiração no Oscar, tanto que até a estatueta do prêmio é parecida.
Desde sua criação em 1958, o prêmio é comandado e entregue por Sílvio Santos.
Seção dedicada ao 'Troféu Imprensa' |
A história de Sílvio Santos se confunde com a história da TV no Brasil, e isso fica evidente ao longo da exposição. À medida que vai se avançando dentro dos espaços, encontra-se vários exemplares de modelos de televisores antigos, desde por aqueles aparelhos gigantescos da década de 1950, passando pelos primeiros televisores a cores (que chegaram no Brasil no início dos anos 1970) até alguns aparelhos mais modernos, do fim da década de 1990/início dos anos 2000.
Esta câmera pertenceu à antiga TV Tupi - a primeira emissora de TV do Brasil |
Um dos primeiros aparelhos de TV do Brasil (década de 1950): mais parecia um móvel |
Sílvio Santos sempre foi um visionário, e em anos de carreira como comunicador, deixou sua marca por onde passou, desde a era de ouro do rádio até o advento e consolidação da TV no Brasil.
Esta exposição é um mergulho na história desta figura carismática, que até hoje, conquista o coração dos telespectadores e das "colegas de trabalho" (que é como Sílvio chama carinhosamente suas telespectadoras e seu auditório nos programas).
Para quem quiser conhecer sua carreira mais a fundo - e por que não, conhecer um pouco mais sobra a história da TV brasileira - vale MUITO a pena.
Simplesmente espetacular.
A exposição fica em cartaz no MIS até 12 de março.
Exposição "Sílvio Santos Vem Aí!"
Data: até 12/03
Horário: de terça à sexta, das 11 às 20hs; sábados, das 10 às 21hs; domingos e feriados, das 10 às 19hs (horários especiais durante o feriado de Carnaval; consulte o site do MIS)
Local: MIS - Museu da Imagem e do Som de São Paulo
Av. Europa, 158 - Jardim Europa (saiba como chegar clicando aqui)
Entrada: Antecipado Online: R$ 30,00 + taxas (pelo site Ingresso Rápido); na bilheteria: R$ 12,00 inteira/R$ 6,00 meia; às terças-feiras, a entrada é gratuita.
Maiores informações podem ser obtidas no site do MIS.
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Ficou muito legal, senti até vontade de ver apesar da sua excelente descrição. Abraço !
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