Avião da Chapecoense cai nas proximidades de Medellín; 71 pessoas morreram

Chapecoense durante a Copa Sul-Americana desse ano: avião com a equipe
caiu nesta terça-feira na Colômbia (foto: Nelson Almeida/AFP)

Era pra ser uma semana alegre para o futebol brasileiro. No último domingo (27), o Brasileirão conheceu seu desfecho, com a conquista do título pelo Palmeiras após um hiato de 22 anos.
No entanto, o destino pregou uma de suas peças mais duras: hoje (29), o Brasil e o mundo amanheceram com a terrível notícia da queda do avião que transportava a delegação da Chapecoense para a cidade colombiana de Medellín, para a disputa da primeira partida da final da Copa Sul-Americana diante do Atlético Nacional (COL).
A maioria dos integrantes da delegação - entre jogadores, comissão técnica e dirigentes - perdeu a vida no acidente, além de jornalistas que estavam acompanhando o time e tripulantes do avião.




Equipes de resgate trabalham no local do acidente
(foto: Reuters)
Antes de embarcar rumo a Medellín, a Chapecoense fez seu último jogo justamente contra o Palmeiras, sendo derrotada por 1 a 0 no Allianz Parque, no domingo.
No dia seguinte, a delegação embarcou no Aeroporto Internacional de Guarulhos, e de lá, seguiu para Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, onde fez uma escala técnica e trocou de aeronave, para só então seguirem rumo a Medellín.
Em princípio, a delegação seguiria direto para a Colômbia em um voo fretado, mas a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) vetou este procedimento, o que obrigou a delegação a mudar os planos, seguindo então para a Bolívia.
Faltando cerca de 30km para o avião chegar à cidade colombiana, a torre de controle do Aeroporto de Medellín perdeu contato com a aeronave, que acabou caindo em uma região de difícil acesso, entre as cidades de La Ceja e La Unión.
Ao todo, 77 pessoas estavam a bordo do AVRO Regional Jet 85, avião de fabricação britânica operado pela empresa venezuelana Lamia - 70 delas, entre jogadores, integrantes da comissão técnica, dirigentes do clube, jornalistas e tripulantes da aeronave, morreram na hora; seis foram resgatadas com vida - segundo informações divulgadas pela imprensa, o goleiro Danilo, após ser resgatado, acabou não resistindo aos ferimentos e morreu no hospital.

Avião AVRO da Lamia, semelhante ao que levava a
delegação da Chapecoense (foto: Reprodução)
A tragédia com o avião da Chapecoense impactou profundamente o mundo do futebol, em praticamente todos os cantos do planeta. Vários clubes importantes da Europa, como Manchester United (ING), Paris-Saint Germain (FRA), Benfica (POR), Real Madrid e Barcelona (ESP), entre outros, manifestaram solidariedade ao clube catarinense em suas redes sociais.
Jogadores e ex-jogadores, como Ronaldinho Gaúcho, Lionel Messi, Cristiano Ronaldo, Gareth Bale, David Beckham e outros, também demonstraram sua consternação com o ocorrido.

No Brasil, clubes importantes, como Corinthians, Palmeiras, Flamengo, Vasco, Cruzeiro, Fluminense, Botafogo, Coritiba e Portuguesa, publicaram uma nota em conjunto manifestando solidariedade à Chape, oferecendo-se para emprestar atletas ao clube sem custo e solicitando à CBF para que o time de Chapecó fique isento de rebaixamento à série B do Campeonato Brasileiro pelas próximas três temporadas.
A própria CBF, em virtude da tragédia, adiou a última rodada do Brasileirão para o dia 11/12; e a Conmebol suspendeu todas as suas atividades esportivas para este ano (o que inclui a final da Copa Sul-Americana), além de cogitar a possibilidade de participação da Chapecoense na próxima edição da Libertadores e na Recopa Sul-Americana.
O Atlético Nacional (COL) divulgou uma nota em seu site oficial abdicando da disputa da Copa Sul-Americana, solicitando que a Conmebol declare a Chapecoense como campeã da competição.

Bruno Rangel, artilheiro da Chapecoense: uma das vítimas
fatais do acidente (foto: Márcio Cunha/Mafalda Press)
Entre as vítimas fatais desse acidente, além de jogadores como Bruno Rangel, autor de 11 gols nesta edição do Brasileirão e do experiente técnico Caio Junior, que tem passagens por clubes como Palmeiras e Vitória, estavam também jornalistas de veículos de comunicação influentes que estavam indo cobrir a final da Sul-Americana entre Chapecoense e Atlético Nacional, como o narrador Deva Pascovicci, os comentaristas Paulo Júlio Clement e Mário Sérgio (este último, inclusive, foi jogador e técnico de futebol, com passagens por grandes clubes), e o repórter Victorino Chermont, do canal Fox Sports; os repórteres Guilherme Marques e Guilherme Van Der Laars, da Rede Globo; Laion Espíndola, do globoesporte.com; além de jornalistas da RBS, uma das afiliadas da Globo na região Sul do Brasil e de jornalistas locais de Chapecó.
Sobreviveram ao acidente: o lateral Alan Ruschel, o zagueiro Neto e o goleiro Follmann (que teve uma perna amputada); o jornalista Rafael Henzel; e os tripulantes Ximena Suárez e Erwin Tumiri.

A causa provável deste acidente teria sido uma pane elétrica da aeronave. Quando eu estava redigindo esta postagem, o canal SporTV divulgou em seu programa Planeta Sportv que as caixas-pretas do avião haviam sido encontradas.

Gente... é difícil escrever qualquer linha sobre esse assunto. Quem me conhece bem sabe o quanto gosto e sou apaixonado por futebol - e, evidentemente, acompanhei a ascensão da Chapecoense nas competições disputadas por ela, em especial a Sul-Americana: ano passado, a Chape caiu nas quartas de final diante do River Plate (ARG); e este ano, chegou pela primeira vez à final, fazendo história - nunca um clube de Santa Catarina havia chegado a uma final de competição internacional.
Além disso, desde que chegou à elite do futebol brasileiro, em 2014, o time fez campanhas bastante regulares, chegando a surpreender até os grandes (quem aqui lembra da sonora goleada por 5 a 1 aplicada em cima do Palmeiras, no Brasileirão do ano passado, só pra citar um exemplo?) e se mantendo com louvor na primeira divisão. Coisa rara de se ver, em se tratando de um clube modesto de uma cidade do interior do país.
Mesmo sendo corinthiano de coração - e mesmo a Chape tendo o verde como cor predominante (o verde é uma cor que boa parte dos corinthianos abominam, por conta da rivalidade com o Palmeiras) - eu estava contente com a campanha que a Chape estava realizando na Sul-Americana. E claro, estava torcendo para que eles ganhassem o título.
E, como a maioria dos brasileiros que amam futebol, independente do seu clube de coração, estou muito triste, consternado e chocado com este acontecimento fatídico. Pois não se trata apenas de um time de futebol - e sim, de um grande número de vidas, ceifadas precocemente por um sortilégio do destino, justamente em um momento que era o mais importante das vidas destas pessoas. E isto tudo é de uma tristeza que não tem tamanho.

Hoje não é dia para rivalidades. Hoje não é dia para se evitar cores. Hoje todos os nossos corações são verdes, e estão em Chapecó.
Que Deus ilumine as almas de todos os que se foram neste acidente, e tenha piedade de suas famílias, de seus amigos e dos torcedores da Chapecoense, que neste momento estão mergulhados no luto.
E que a Associação Chapecoense de Futebol, em breve, renasça como uma fênix e continue se mantendo onde merece estar: na elite do nosso futebol.

#ForçaChape

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