32ª Bienal Internacional de São Paulo - 'Incerteza Viva'

"Incerteza Viva" é o tema desta edição da Bienal de SP
(fotos: Daniel Ramos)

No último sábado (08/10), fui conferir a 32ª edição da Bienal Internacional de Arte de São Paulo, que está em cartaz desde o dia 07 de setembro.
A mostra reúne obras de mais de 80 artistas do Brasil e do exterior, e nesta edição traz o tema "Incerteza Viva".


Ágora: OcaTaperaTerreiro, de Bené Fonteles




A Bienal conta com produções de todas as plataformas possíveis: escultura, pintura, fotografia, audiovisual, instalações... tudo o que se imaginar pode ser visto na mostra.

Logo na entrada do prédio, temos um diálogo interessante das esculturas de Frans Krajcberg, feitas de tocos de madeira calcinada, e a instalação de Bené Fonteles: uma imensa construção de paredes de taipa e telhado de palha, como as ocas construídas pelos índios.
Dentro dela, vários objetos relacionados à religiosidade, posicionados de maneira estratégica, transmitem a ideia do sincretismo das crenças.

Parte interna da obra de Bené Fonteles

Mais adiante, ainda na parte térrea, uma instalação bastante interessante: um círculo formado por diversos objetos relacionados à vida no campo - proposta da artista britânica Ruth Ewan, que faz referências ao calendário republicano francês, criticando a forma de vida nas cidades e propondo uma espécie de retorno às origens.

Volta ao Campo, de Ruth Ewan, propõe uma espécie de
retorno às origens

Uma proposta ainda mais inusitada é a do coletivo Nomeda & Gedimina Urbonas, que propõe uma nova forma de convívio ecológico através do cultivo de fungos, misturando a estrutura reprodutiva deles (chamada de micélio) com outros materiais, como o bagaço da cana-de-açúcar, por exemplo, para que estes se multipliquem.
Em um laboratório montado em uma área do mezanino, os artistas realizam oficinas onde apresentam seu trabalho para os visitantes.
Inusitada também é a proposta do argentino Victor Gríppo, que sugere a produção de energia elétrica através de... batatas (!!!).

Os laboratórios montados pelo coletivo Nomeda & Gediminia Urbonas

As "batatas elétricas" de Victor Gríppo

Preocupações com o meio ambiente também são uma temática constante nas obras expostas na Bienal. Caso das intervenções de Rikke Luther, que alertam para o aquecimento global e o aumento consequente do nível das marés - nesta intervenção, há até amostras de lama tóxica da tragédia de Mariana, ocorrida em novembro do ano passado.
Outra intervenção curiosa é a da portuguesa Carla Filipe, localizada em um dos jardins da Bienal, onde ela transforma pneus e barris de madeira e plástico em viveiros para plantas exóticas.

Obras como a da portuguesa Carla Filipe incitam
reflexões sobre o meio ambiente

Ainda no mezanino, duas enormes torres chamam a atenção de quem passa: uma construída com tijolos e outros materiais de construção convencionais, e outra feita de palha, madeira e cipó - obras da mineira Lais Myrrha, que fazem um contraponto entre os modos de vida das nossas grandes cidades e dos povos que dominavam nossa terra antes da chegada dos europeus.

As torres em contraponto de Lais Myrrha

Algumas das obras expostas dão a possibilidade do público interagir com elas - caso da intervenção Em forma de nós mesmos, da peruana Rita Ponce de León, que propõe posturas e experiências corporais diferentes, dentro de uma enorme construção de barro e concreto - convite à desconstrução das sensações.
Outra delas - e uma das que mais impressiona na mostra - é a obra Chão, do baiano José Bento, que consiste em uma estrutura montada com tacos de madeira, firme em alguns pontos e instável em outros, onde se sustentam com uma estrutura feita de molas, sugerindo instabilidade.
Andando nestes pontos, tem-se a sensação de que se pode cair e afundar a qualquer momento.

Em Forma de Nós Mesmos, de Rita Ponce de León

Chão, de José Bento: uma das obras mais impressionantes da Bienal

Há muito o que ser explorado dentro da Bienal. Várias plataformas, vários pontos de vista expostos pelos artistas que convergem para um ponto em comum: as incertezas que permeiam nosso mundo, nossa sociedade e o próprio ser humano em si.
Vale (e muito) uma visita - ou mais de uma!


32ª Bienal Internacional de São Paulo - Incerteza Viva

Data: até 11/12/2016
Horário: terças, quartas, sextas, domingos e feriados, das 9 às 19hs (com entrada até as 18hs); quintas e sábados, das 9 às 22hs (com entrada até as 21hs)
Local: Pavilhão da Bienal - Ciccilio Matarazzo
Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº - Parque do Ibirapuera, portão 3

Entrada Franca

Além das exposições, há também programações de oficinas, apresentações de dança e música, palestras, performances e ativações de obras.
Estas programações, bem como outras informações, podem ser encontradas no site oficial da Bienal.


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