Maior pugilista de todos os tempos, Muhammad Ali, morre aos 74 anos

Muhammad Ali: o maior de todos os tempos
(foto: Reuters)

O mundo perdeu nesta madrugada de sábado (noite de sexta-feira nos EUA) um dos maiores gênios da história do esporte mundial: o ex-boxeador Cassius Clay, mais conhecido por seu nome de conversão, Muhammad Ali - considerado por muitos o maior lutador de todos os tempos.
O ex-lutador estava internado em um hospital em Phoenix, no Arizona, em decorrência de problemas respiratórios. Ali também lutava há 32 anos contra uma doença degenerativa, o mal de Parkinson.

A notícia de seu falecimento foi confirmada pelo porta-voz da família, Bob Gunnell.


- Depois de uma batalha de 32 anos contra a doença de Parkinson, Muhammad Ali faleceu com a idade de 74 anos. O tricampeão mundial dos pesos-pesados morreu esta noite. A família gostaria de agradecer a todos por seus pensamentos, orações e apoio, e pede privacidade neste momento - disse o porta-voz.
Personalidades ao redor do mundo lamentaram a morte de Ali: o primeiro-ministo britânico David Cameron disse, em sua conta do Twitter, que Ali "não era só um campeão no ringue - era um campeão dos direitos humanos"; o rei do futebol, Pelé, declarou em sua página do Facebook: "Ali era meu amigo, meu ídolo, meu herói. Passamos muitos momentos juntos e sempre mantivemos contatos todos esses anos. A tristeza é enorme."

Ali ao lado de Pelé: o rei lamentou a morte do ex-lutador no Facebook
(foto: Reprodução/Facebook)

Ali, sem sombra de dúvida, é o maior nome da história da "nobre arte": em seu cartel, nada menos do que 57 vitórias, sendo 37 delas por nocaute, e apenas cinco derrotas.
Mais do que isso, fora dos ringues, demonstrava uma integridade pessoal incrível, e foi um humanista por praticamente toda a sua vida.
Irreverente e pouco modesto, costumava dizer entre uma luta e outra: "Eu sou o melhor! Ninguém pode me derrubar!".

Um grande lutador, dentro e fora dos ringues
(foto: Reuters)

Ali nasceu em 1942 em Louisville, Kentucky, batizado como Cassius Marcellus Clay Jr - e começou sua carreira no boxe muito jovem, aos 12 anos de idade, ainda em sua cidade natal, treinado por um policial que investigou o roubo de sua bicicleta, presente de seu pai - venceu sua primeira luta depois de seis meses de treino.

A primeira grande conquista de Cassius Clay foi a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Roma, em 1960, quando venceu o polonês Zbigniew Pietrzykowski na final dos meio-pesados.
Apesar de ser recebido com festa em sua cidade natal, sua condição de campeão olímpico não impediu que ele sofresse com a discriminação racial, forte nos EUA naquela época: o próprio Ali conta em sua biografia que um atendente de um restaurante se recusou a servi-lo - de tão decepcionado, o lutador jogou sua medalha olímpica no rio Ohio.
Este episódio marcou a entrada de Clay no ativismo e na luta pelos direitos dos negros.

Em 1964, já como profissional, Clay derrotou Sonny Liston no sétimo assalto, em luta realizada em Miami, e ganhou seu primeiro título mundial dos pesos-pesados.
Pouco depois, chegou a se aliar ao líder negro Malcolm X - foi quando se converteu ao islamismo e mudou seu nome para Muhammad Ali.

Poucos anos depois, em 1967, Ali veio a se envolver em uma polêmica: recusou-se a servir o exército americano na Guerra do Vietnã, e acabou condenado a cinco anos de prisão, além da perda de seu título mundial e de sua licença para lutar.
O lutador apelou para a Suprema Corte dos EUA, e saiu vitorioso.

Depois de três anos afastado dos ringues, Ali voltou a lutar em 1970, e recuperou seu título mundial.
Mas acabou derrotado, um ano depois, por Joe Frazier, em uma luta parelha de 15 rounds decidida pelos juízes em Nova York (teria sido esta a luta que inspirou Sylvester Stallone a criar o enredo de "Rocky, o Lutador"?!).
Posteriormente, Ali deu a volta por cima, vencendo duas lutas e tendo sua revanche contra Frazier - desta vez, a vitória foi de Ali.

Em 30 de outubro de 1974, aconteceu um duelo que entrou para a história: Muhammad Ali desafiou o então campeão George Foreman (sim, aquele cara do grill...), na época uma estrela em ascensão.
A luta foi realizada em Kinshasa, capital do Zaire (atual República Democrática do Congo), graças a um generoso patrocínio do governo local, e foi um dos primeiros eventos promovidos pelo empresário Don King - que foi agente de Mike Tyson, outro excepcional lutador.
Ali apanhou praticamente a luta inteira, mas se mantinha de pé e provocava o adversário o tempo todo, dizendo coisas do tipo: "é só o que você tem?!" ou "minha mãe bate mais forte que você!"... e assim se manteve até o oitavo round, quando acertou uma sequência fulminante de cinco golpes, que levou o exausto Foreman à lona.
Foi uma vitória heroica de Ali, em uma luta que ficou conhecida como "a luta do século".

O grande momento de Ali: nocaute sobre George Foreman
na "Luta do Século" (foto: AP)

Ali se aposentou do boxe em 1981. Três anos depois, revelou ao público que sofria do mal de Parkinson, e usou sua fama e prestígio para ajudar nas pesquisas de combate à doença.
Mesmo debilitado, rodou o mundo como um mensageiro da paz, participando de ações humanitárias e se encontrando com líderes mundiais.
Em 1990, por exemplo, Ali ajudou nas negociações com o regime de Saddam Hussein para a libertação de prisioneiros norte-americanos no Iraque.

Uma aparição marcante de Muhammad Ali foi na cerimônia de abertura das Olimpíadas de Atlanta, em 1996, quando ele acendeu a pira olímpica.
Além disso, foi homenageado pelo COI e ganhou uma réplica da medalha de ouro dos Jogos de 1960, que ele havia jogado fora.

Muhammad Ali na abertura dos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996:
ele acendeu a pira olímpica (foto: Michael Cooper/Getty Images)

Entre muitas outras coisas, Muhammad Ali fundou um centro cultural em sua cidade natal, Louisville, que promove atividades para crianças e adultos, além de passar adiante seus princípios.
O ex-lutador foi condecorado e premiado várias vezes, por todos os seus atos humanitários - além de ser tema em diversos filmes e livros.
Mas sua saúde ao longo dos anos foi se tornando cada vez mais precária, e ele acabou sucumbindo nesta madrugada.

Foto recente de Muhammad Ali: saúde debilitada pelo mal de Parkinson
(foto: Divulgação/Universidade de Louisiana)

Vai-se o homem, fica o mito. Muhammad Ali representa muito não só para o esporte, onde foi vitorioso como ninguém, mas também para a sociedade, para a qual fez generosas contribuições.
E seu nome será lembrado para sempre, como um dos maiores lutadores - e um dos maiores seres humanos - que já existiu.

Descanse em paz, guerreiro. E obrigado por tudo.

(Fontes: globoesporte.com, Wikipedia)

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