Presidente do COB é preso no Rio por suspeita de corrupção

Carlos Arthur Nuzman sendo conduzido à sede da PF no Rio: dirigente
foi preso nesta manhã (foto: Bruna Kelly/Reuters)
 
A Polícia Federal prendeu na manhã desta quinta-feira (05) o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, por suspeita de participação em um esquema de compra de votos para a escolha do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos de 2016.
Além de Nuzman, que presidiu o comitê organizador da Rio 2016, também foi preso Leonardo Gryner, braço-direito de Nuzman e ex-diretor de operações do comitê organizador da Olimpíada.
O pedido de prisão, em caráter temporário, foi decretado pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.


As prisões são resultado das investigações da operação Unfair Play ("jogo sujo", em inglês) - um desdobramento da Operação Lava Jato que apura a atuação de uma organização criminosa liderada pelo ex-governador do Rio, Sérgio Cabral (atualmente cumprindo pena no complexo penitenciário de Bangu) em um esquema de pagamento de propina a dirigentes do Comitê Olímpico Internacional (COI) para que estes votassem em favor da eleição do Rio de Janeiro como sede olímpica.
Nuzman teria intermediado o pagamento de US$ 2 milhões da organização de Cabral a Papa Diack, filho do ex-presidente da Federação Internacional de Atletismo e membro do COI, Lamine Diack, para que o dirigente votasse em favor do Rio.

A atuação de Nuzman no esquema criminoso de Cabral,
em infográfico do portal G1

O Ministério Público Federal justifica as prisões pelo fato dos acusados terem tentado ocultar bens, como valores em dinheiro vivo e 16 quilos de ouro, que estariam em um cofre na Suíça, após a PF ter cumprido um mandado de busca e apreensão na casa de Nuzman, no Leblon, no mês passado.
Em entrevista coletiva, a procuradora Fabiana Schneider menciona: "enquanto os atletas buscavam suas sonhadas medalhas de ouro durante os Jogos, os dirigentes guardavam ouro em contas na Suíça".
Nuzman e Gryner serão indiciados por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

A defesa de Carlos Arthur Nuzman diz que a prisão é uma "medida dura" e "não é usual dentro do devido processo legal".
"Vou me inteirar dos fatos agora .Eu não tenho a menor ideia. Vou saber agora o que se passa e quais são os fundamentos dessa medida", declarou o advogado de Nuzman, Nélio Machado, ao portal G1.

O Comitê Olímpico Internacional (COI) declarou, em nota, que vai colaborar com as investigações e pediu informações às autoridades brasileiras para dar prosseguimento ao processo interno da comissão de ética do COI.
"As atividades da Comissão de Ética do COI começaram imediatamente depois que as alegações foram feitas e a investigação está em andamento. Dados os novos fatos, a Comissão de Ética do COI pode considerar medidas provisórias, respeitando o direito do sr. Nuzman de ser ouvido. (...) Também reitera que a presunção de inocência prevalece", diz a nota do COI encaminhada à imprensa.

Nuzman em 1969, como jogador
do Botafogo (foto: Reprodução)
Carlos Arthur Nuzman é presidente do Comitê Olímpico Brasileiro há 22 anos. Foi jogador de vôlei do Botafogo e disputou a Olimpíada de Tokyo, em 1964, com a Seleção Brasileira.
Encerrou a carreira em meados dos anos 1970, e então tornou-se dirigente.
Nuzman foi presidente da Confederação Brasileira de Vôlei - na sua gestão, a Seleção Brasileira ganhou duas medalhas olímpicas: prata nos jogos de Los Angeles (1984) e ouro em Barcelona (1992).
Em 1995, assumiu a presidência do COB, reelegendo-se seis vezes.

Uma mancha na história olímpica - e claro, uma vergonha para o esporte brasileiro.
O Brasil recebeu nos últimos anos os dois maiores eventos esportivos do mundo: a Copa do Mundo de Futebol e os Jogos Olímpicos; e, por uma infeliz coincidência, os presidentes dos comitês organizadores dos dois eventos, dirigentes de altos cargos do esporte brasileiro, estão presos sob suspeita de corrupção (vale lembrar que, em 2015, José Maria Marin, ex-presidente da CBF e presidente do comitê organizador da Copa de 2014, foi preso em um hotel na Suíça por suspeita de participação em um esquema internacional de corrupção).
Simplesmente lamentável.

(Fonte: G1)


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