38º Tanabata Matsuri - como foi a edição deste ano do Festival das Estrelas

38º Tanabata Matsuri (foto: Daniel Ramos)

Estive, neste domingo, na 38ª edição do Tanabata Matsuri - o tradicional Festival das Estrelas do bairro da Liberdade.
O evento é realizado todos os anos pela ACAL (Associação Cultural e Assistencial da Liberdade) e enche de cores as ruas do mais famoso bairro oriental de São Paulo.


No sábado, o mau tempo causou alguns transtornos na abertura do evento. A cerimônia xintoísta, que tradicionalmente abre o festival e conta sempre com a presença de autoridades ilustres, e costumeiramente é realizada próximo ao toori da rua Galvão Bueno, teve que ser transferida para o palco montado na Praça da Liberdade, por conta da chuva.
Algumas apresentações também tiveram que ser interrompidas.

Cerimônia xintoísta teve que ser realizada no palco do festival,
devido à chuva (foto: Aldo Shiguti/Jornal Nippak)

Mas, quando a chuva passou, as coisas voltaram à normalidade. Alguns grupos tradicionais se apresentaram no meio da praça - e pela primeira vez, o Tanabata recebeu a Parada Taiko, que reúne diversos grupos de taiko (que também aconteceu na semana passada dentro do Festival do Japão).

Parada Taiko fez sua estreia no Tanabata Matsuri, no sábado
(foto: Aldo Shiguti/Jornal Nippak)

Uma das características principais deste festival são os enfeites coloridos que adornam as ruas do bairro, que simbolizam estrelas, e são pendurados em grandes ramos de bambu.
A origem do Tanabata Matsuri está em uma lenda bastante popular no Japão: certa vez, uma princesa chamada Orihime, filha de um deus, apaixonou-se por Kengyu, um humilde pastor.
A paixão dos dois foi tão fervorosa que ambos acabaram deixando de lado suas tarefas e obrigações - o que provocou a ira do pai de Orihime, que decidiu separar os dois, colocando-os em cantos opostos da Via Láctea.
Com isto, Orihime acabou caindo em profunda tristeza, e isto fez com que seu pai se compadecesse - assim, ele permitiu que o casal se encontrasse uma vez a cada ano, sempre no sétimo dia do sétimo mês do calendário lunar.
Como condição para tal encontro, os dois deveriam atender a todos os pedidos que viessem da Terra.

Enfeites coloridos característicos do Tanabata, que simbolizam estrelas
(foto: Daniel Ramos)

A decoração do Tanabata também entrou no clima das Olimpíadas
(foto: Daniel Ramos)

 
Os pedidos são escritos em papéis coloridos chamados tanzaku, e pendurados em ramos de bambu espalhados pelas ruas.
Cada cor de tanzaku tem seu significado - e todos que passaram pelo festival tiveram a oportunidade de enviar seus pedidos aos deuses.

As pessoas aproveitaram para fazer seus pedidos nos tanzaku
(foto: Daniel Ramos)

Diversas atrações culturais passaram pelo palco da Praça da Liberdade nos dois dias de festival.
Um dos destaques vai para a cantora nipo-americana Marina Kondo, que também esteve semana passada no Festival do Japão, e encantou o público do Tanabata com seu talento, sua voz e seu profundo carisma.
Esta é a segunda vez que Marina vem ao Brasil: "Estive pela primeira vez aqui há três anos, juntamente com a cantora Yumi Inoue. Fui convidada pelo empresário dela para vir ao Brasil juntamente com ela", contou Marina ao Em Foco.
A cantora, que possui uma versatilidade artística incrível e inclusive já participou de musicais da Broadway, se mostrou impressionada com a receptividade do público brasileiro, tanto no evento realizado semana passada no São Paulo Expo como no Tanabata, e também com a forma que o nosso povo recebe a cultura japonesa: "Estou maravilhada! Independentemente das diferenças culturais entre brasileiros e japoneses, as pessoas se unem e celebram aquilo que apreciam, e ajudam a preservar a cultura, independente de quem seja. É algo que acho muito bonito no povo daqui", declarou Marina.

A cantora Marina Kondo durante apresentação
no palco do Tanabata (foto: Daniel Ramos)

Além de Marina, outras duas cantoras internacionais, Misa Kamiyama e Mariko Nakahira, também se apresentaram no palco.
Danças tradicionais, artes marciais e bandas de músicas japonesas e animesongs também fizeram parte do espetáculo.

O Tanabata Matsuri foi realizado pela primeira vez no Japão há mais de 1150 anos, dentro da Corte Imperial, e se tornou feriado nacional no ano de 1603.
O festival é realizado em várias cidades japonesas - destaque para o festival da província de Miyagi, o mais tradicional, realizado em agosto, aproveitando as férias de verão escolares.
No Brasil, o Tanabata é realizado no bairro da Liberdade desde 1979 pela ACAL. O festival também costuma acontecer em localidades fora da capital paulista, como por exemplo em Santo André (no grande ABC) e em Ribeirão Preto (no interior do Estado), organizados por outras instituições nikkeis locais, sempre no mês de julho.

Evidentemente, aproveitei a oportunidade e fiz meus pedidos às estrelas. E vocês?